Sobre a Escuridão

Quando estou em paz minha mente viaja pra um lugar claro, com gramas verdes e um lindo lago onde as folhas balançam ao vento.

Não sei por que me imagino alí pois deve ser um tédio ficar horas sentada num lugar assim, mas isso me transmite paz.

Porém, o que quero escrever não diz respeito a esse cenário. O cenário em questão é completamente oposto.

Trata-se de um lugar sombrio cheio de portas e corredores. Está escuro e o ar completamente parado.

Sinto-me amedrontada alí e percebo que me perco a cada passo no interior desse local. É estranho mas, me sinto aliviada por estar deixando você que agora está lendo esse texto me acompanhar para dentro dessa casa.

Não me sinto só quando você está aqui comigo.

Caminhando num desses corredores, entrei numa sala onde havia três pessoas e hoje essas pessoas controlam meus sonhos enquanto durmo.

Elas apontam um buraco e me transporto para perto dele, ouço risos e palavras sendo lançadas para o alto descontroladamente.

É complexo entender as motivações dessas pessoas e saio correndo sem direção levando comigo um nó que apareceu numa corda agora amarrada aos meus pés.

Gostaria de pode apenas tapar meus ouvidos e não ouvir mais ninguém, não me importar com esses risos e entender que são ladrões que vieram para me roubar de mim mesma.

Vou achar a porta que vai me libertar dessa prisão e não terei mais problemas pra dormir. Novamente minha mente será livre.

No meu mundo das idéias terei paz mesmo que esteja interligado ao tédio.

Certa vez escreví que prefiro toda essa sonoridade complexa a tranquilidade medíocre. Não sei, sinceramente, não sei.

Não acharei respostas para muitas questões que inquietam minha alma e minha vida. Essas vão sempre rondar e rir de mim em seu silêncio.

Mas, não me importo mais em ir e vir para dentro da minha própria existência.

Não tenho mais aquele velho medo dos fantasmas. Tenho medo é de deixar de ser gente.

Luciana Bruder
Enviado por Luciana Bruder em 17/04/2009
Reeditado em 13/05/2012
Código do texto: T1544544
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