MASCANDO CHICLETE

Toda vestida de negro,

numa manhã como as outras,

devia seguir seu caminho -

levava na cesta umas ostras

No salto alto, molengue,

tinha o calcanhar seguro

As pernas firmes andavam

na sombra ao lado do muro

A saia solta no vento

nem ligava pra maldade,

transparecia o tesouro

num cinto de castidade

Cintura fina, pilão,

segurava o corpo fixo

O seio, charmoso creme,

era berço do crucifixo

Pescoço puro de pomba

era uma linda coluna

sustentando cara e cabelo

numa arte pura e una

A face linda, rosada,

apoiava um bel topete

A boca rubra, molhada,

carnuda, mascava chiclete