Desgovernado

Entrego-me em suas mãos

como se eu fosse um pote de mel.

Sei que não gosta de doce,

mas dos meus lábios

não terá a amargura do fel.

Em meu peito aflito,

grito seu nome

como se pedisse socorro,

como se tivesse fome,

como se estivesse quase morto.

Você finge não ouvir,

tapa com os dedos os ouvidos

fecha os olhos e a boca,

sem nem um aviso.

Suas palavras - não ditas,

partem meus sonhos ao meio,

como se fossem um machado

arremessado ao velho lenho.

Nu, de mim mesmo,

volto para o meu eu

como quem perdeu

o caminho de volta pra casa.

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 10/04/2006
Reeditado em 16/05/2012
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