Im(possibilidade)

Ela segurava as grades do portão

com a força de quem não se permite explodir o grito contido no peito

que quer romper a fina linha que a separa da sanidade.

Quando envolta naquele laço de braços

que lhe alcançava os espaços mais vagos,

era possível sentir a inundação fervilhando nos poros.

Alguma coisa de suavidade clara

lhe atingia voraz

como uma pancada terçã ,

como um solavanco que põe tudo às avessas.

E que coloca alguma coisa que esteve errada há tempos

no lugar que lhe cabe.

Ela sabia que estava caminhando para duas possibilidades;

a de se estender sob uma luz benquista -desejo maior-

ou a de fechar de vez as portas

para que nada se faça em pedaços...

E para que não leve chuva para outros canteiros.

Talita Fernanda Sereia
Enviado por Talita Fernanda Sereia em 04/12/2008
Reeditado em 23/06/2013
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