MALANDRAGEM

Não entendo seus pensamentos

Não entendo seu jeito de rua

Esse jeito de querer levar vantagem

Dando valor ao que aprendeu na malandragem

Esse seu modo de falar e gesticular

Achando que dizer o que quer te torna melhor

No embalo da vida as pessoas vão passando

Alguns vão ficando a beira das calçadas

Quem sabe meu mundo seja menos nobre

Pois nunca precisei vender a mãe e passar no cobre

Nunca passei fome a beira da estrada,

Ou tive que sair de casa para mostrar ser gente grande

Nessa malandragem não me vejo inserida

Pois, eu preciso pensar pra existir e sentir que tenho vida

E nesse pensar há algo mais que apenas festar ou beber

Tenho sede de infinito e de coisas que os olhos não vêem

Eu preciso ler e através dos livros o mundo conhecer

Não posso estar em todos os lugares, mas posso me permitir

Pelos livros aprender a viajar sem precisar me despedir

Sem hora pra voltar e sem culpas na bagagem para me diluir

Talvez, você ache tudo isso uma grande bobagem

E que para viver de verdade é preciso andar pelas ruas

Fazer o que der na cabeça e observar falcatruas

Ver o mundo descoberto por suas verdades nuas

Não sei onde me inserir nesse mundo de metades

Mas, gosto do que vivo pois não faço nada por crueldade

Ninguém tem o direito de me cobrar ou pedir pra mudar

Não sou malandra nem fiz da rua minha casa pra morar

Sou uma poeta sonhadora que vôa num virar de páginas

Minha vida assim tenho vivido pelo mundo que conheço lido

Não, não me peças pra mudar e viver num mundo real

Onde pessoas não são pessoas e confundem-se com animal.

Luciana Bruder
Enviado por Luciana Bruder em 30/10/2008
Reeditado em 13/05/2012
Código do texto: T1256730
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