À Deriva

Atenta-te, nobre capitão!

Não vês que por águas traiçoeiras

Tripulas sozinho tua nave?

Acalmas o coração,

Aceitas a tua sina.

Não há como guiar-se,

Não estás numa canoa.

Teus homens já não estão,

Tuas velas em frangalhos,

Teus mapas borrados [queima-os e te aqueças].

As estrelas dançam uma valsa sarcástica

Sobre a densa névoa da madrugada.

Entrega-te à deriva.

Não adianta acenares o lampião,

O farol é intermitente e voluntário

E nesta noite não quer te responder.

Conforta-te, fizeras tudo que podia!

Beba teu rum, reze tua unção, salte da prancha,

Mas não espere pelo farol.

Nas rochas baterás antes do amanhecer.

Ninguém virá a seu socorro,

Talvez piratas ao que restar.

Náufrago nunca serás,

Pois já és cadáver, nobre capitão.

São Paulo, 04 de setembro de 2008.

Mais em: http://descemaisuma.blogspot.com