DIVÃ SELF-SERVICE
Às vezes, me embrenho em meu labirinto...
Permito-me desviar do bom senso,
Discordar do meu coração tenso...
Entender o que desconheço por completo.
Aceito que sou limitado e que também minto.
Às vezes, sofro por aquilo que não sinto...
Choro por não conseguir me vencer.
Às vezes, fico distante ao chegar perto.
Desisto fácil ao descobrir o rumo certo.
Prefiro o breu da noite ao calor do dia.
Encaro-me no espelho, mas não posso me ver.
Às vezes, é no escuro que consigo me entender.
Decifro-me por alguns poucos momentos,
Permuto a realidade por uma vã nostalgia.
Minha mente gravou o que eu não sabia...
É aí que eu uso a força e me acerto em cheio.
Não domino nem um pouco os pensamentos.
Sou uma pluma que vai a mercê dos ventos.
Às vezes, sou aquela pedra no meu sapato,
Quem chegou e não sabe por que veio,
As páginas de um livro que eu não leio.
Navego sem bússola em meu oceano...
Ora sou o gato, mas ora sou o rato...
Sou aquele ator de um filme chato.
Às vezes, me assusto com as minhas reações,
Digo para mim mesmo que pode ser engano,
Juro que este vai ser o meu melhor ano...
Acredito em tudo aquilo que me convém.
Sou a máquina que puxa os meus vagões.
Mesclo a calmaria com os meus turbilhões.
Jogo por prazer, mas também quero ganhar.
Às vezes sou Ying-Yang e algo além.
Felicito-me por me conhecer tão bem.
Vendo-me coisas novas para virar freguês.
Às vezes quero o que não posso comprar...
Dou-me ao luxo de simplesmente imaginar...
Solto risadas com as besteiras que eu digo.
Finalmente, aceito que sou igual a vocês,
Então lá vou eu, começar tudo outra vez!
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