restam sobras

restam sobras

restos de momentos que jamais esquecidos

da sobra do creme de chocolate na panela

das festinhas improvisadas aos filhos queridos

da mesa suja de aquarela

restam gestos de lembranças

fleches picotados de prazer

brincadeiras e esperanças

do que hoje passei a ser

planos que sobrarão

sem condições ou pelo tempo esquecidos

de tanto muitas coisas ficarão

e outras perto do que planegei ficarão parecidos

e as sobras de vidas de quem não sobreviveu

sonhos em stop sem fim

fragmentos de lembrança de quem um dia nasceu

e as palavras que na mente teima a vim

resta sobras da falta daquele filho

da companhia daquele pai

da vida aniquilada sem o menor brilho

restao tristeza embargada de um jeito

que nas sobras da vida do peito não sai.

airto meireles