A velha avózinha
Pela idade arremetida
No tempo que omite o berço
Uma alma se dispersa
Numa oração sem terço
Vê-se criança a chorar
P’las memórias do começo
Da existência a voltear
No atalho do sonhar…
Chamam de senilidade
Aos êxtases de erudição
Às cismas de elevação
Aos rasgos de veleidade
E ao falar do passado
Que em alento crê viver
Vê o esposo já finado
No filho a envelhecer…
Vai arcada de saudades
Pétalas de siso no olhar
Dos lábios, mariposas de água
Nasce o verbo a marejar…
Nas mãos mármore delicado
Sinal de suave adejar
Segue o caminho do azul
Como quem esquece o andar…