Gaúcho Bicuíra

Desculpe-me a gauchada,

De toda a nossa Querência,

Já ouvi cantar o nosso Estado,

Do planalto, coxilha e campo,

Mas esqueceram de cantar,

O nosso gaúcho pescador...

Que trabalha com ardor,

E do mar tira seu sustento.

Somos mescla de araganos,

Nascidos na beira da praia,

Sem cabresto e sem buçal,

Tampouco alguma encilha.

Somos livres como o minuano,

Soprando sobre as flechilhas,

Vivendo nossa liberdade...

Dê quem nasceu Bicuíra.

No lombilho das canoas,

Domando até temporais,

Pro Bicuíra é tudo igual,

Canoa, potro e bagual.

Nos campos ou lamaçal,

No matagal ou potreiro,

Tendo apenas um buçal,

Sê monta até só no pêlo.

No Oceano ou na Lagoa,

No remo ou leme da canoa,

As ondas vão se quebrando,

Como queixo de aporreado,

Segura bem firme no braço,

Como uma rédea bem curta,

Depois desta grande luta...

Não tem quem não reconheça!

Que ser Bicuíra é ser taura,

Destas duas grandes lutas.

Nas lides de campo afora,

Se laça, maneia e, se doma,

Depois da terra preparada,

O Bicuíra vai para o mar,

Onde o laço é a tarrafa,

ou a rede de arrastão...

Após cumprir sua missão,

Não tem quem não reconheça!

Que ser Bicuíra é ser taura,

Desta terra Rio-Grandense.

Obs.: Bicuíra - Gaúcho que vive no litoral, o mesmo que o

Gaúcho Litorâneo.

WILSON FONSECA
Enviado por WILSON FONSECA em 29/03/2008
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