GALPÃO DE SANTA FÉ

No galpão o fogo grande

A estancia ainda silenciosa

A indiada vai acordando

hora do mate e da prosa

Madrugada fim de maio

Toreando os primeiros frios

Pras noites largas de junho

De geadeiros a fios

Bom brasedo de branquilho

Um pingo quebrando milho

Na cuia o ronco do mate

Jujado com maçanilha

passando de mão em mão

Enquanto a peonada encilha

Um toro brasino berra

Escarvando na coxilha

campeiros se enfurnando

Nos fundões das invernadas

Campo aberto e tremedal

Salvando as rezes atolada

Sacando couro e curando

Umbigo de vitelos novos

De vacas recém paridas

Pra não dar boia pros corvos

A tardinha volta as casas

Desencilha a matungada

Em quanto berra a terneirada

Costeando a cerca da encerra

Muito cedo se fez o aparte

Desmamando a bezerrada

Lamento cruza os campos

Da vaca chorando a cria

Aumenta o ritual campeiro

Quando a noite engole o dia

ZECADIVINO
Enviado por ZECADIVINO em 08/01/2016
Reeditado em 22/11/2022
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