SAUDADES CAMPO E FLOR

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Fechava mês de setembro

Quase no fim da tosquia

Maria mole cobria os campos

E os ipês já floresciam

No grito de forma cavalos

Se recrutavam as tropilhas

Pra formar fletes de sonhos

Crioulos pra minha encilha

Na vida só encilhei mansos

Da minha marca e meu freio

E risquei pátria e querencia

Na servidão do arreio

Domar pra mim tem ciência

Do atar do queixo a enfrena

Pra fazer doce de boca

Um potro xucro e pavena

Ainda trago cheiro de pasto

Encrostado nas esporas

E as palmas das mãos calosas

De golpear queixos de feras

Pelas madrugas campeiras

Manhãs borradas de auroras

Arriscando a própria vida

Gineteando campo a fora

Já não domo mais não tropeio

Não escuto o berro do gado

Tudo ficou tão diferente

No campo esta tudo mudado

Se foram o sabor das frutas

O perfume da flor já não lembro

Não sinto o gosto doce do mel

E os aromas de setembro

Neste chão deixo meu rasto

Pra os que vierem depois de mim

para que os poetas campeiros

Redentores dos confins

Retrate em poesias

Os espelhos das lagoas

Refletindo a garça branca

Como um cristal vivo que voa

ZECADIVINO
Enviado por ZECADIVINO em 08/01/2016
Reeditado em 12/01/2017
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