A COMPOSIÇÃO DO POEMA

Eu faço versos como

quem pensa no amanhã

sem ainda o ter vivido;

porque escrever,

em prosa ou verso,

é como projetar o porvir

antes dele vir a ocorrer.

Olho para a folha

em branco; penso

num tema, numa rima

ou verso livre; no poema

inexistido; e tenho que

contar com a inspiração,

criatividade, recurso

estilístico, para que

a arte literária, em sua

construção paulatina,

realize-se com prazer.

Quando penso em fazer

o poema, antes de tocá-lo

com as minhas mãos carnais,

toco-o com as minhas mãos

perispirituais; acalento-o

com a sensibilidade de minha

consciência artística,

penetrando amavelmente

eu seu íntimo durante

a poética elaboração.

É uma ocupação artesanal

que requer abnegada

paciência, para saber-se

apreender no silêncio

dos dispersos vocábulos

latentes, os versos que

delineiam o sentido temático

da obra literária em gestação.

E quando, enfim, o poeta

sente na consciência,

o porvir imediato prazeroso

que vislumbra, ante o anseio

esperançoso de conclusão

do poema, o coração acelera

e bate mais forte; a emoção

se apossa do órgão

propulsor; os versos finais

fluem aos borbotões;

e a alma poética,

tão feliz, dar à luz

ao tão almejado filho: o poema!

Adilson Fontoura
Enviado por Adilson Fontoura em 15/07/2014
Reeditado em 13/12/2014
Código do texto: T4883466
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