Destas coplas que sabem de tudo

Sabe copla tanto de min pelas horas de mate

Ficou sabendo do meu pranto e meu bem querer.

Nas sombras copadas pelo costado da guitarra

Contei pra ti coisa pra não esquecer e poder viver

Na bordona mesquinha no embalo de um chamamé

Costeei a lida ainda pelo alvorecer.

Não deixei morrer que queria e o que não prestava

Deixei ao sol secando ao poucos ou perdido.

Já tive olhos perdidos tristes e na copla molhei

Folhas de vida dando sentido depois das partidas.

Sabendo que na alma escrevente deixei o tempo

Dar-me todo o sentindo da vida em sua guarida.

Não sei de onde ser que vem?

Mas somente sei que por ela resguarda a melhor parte

Que tenho dentro do peito mesmo em dor de alma

Usei de ti pra falar e contar pela boca dos outros em arte.

Em canto de vida e sonho rebojando a lida do dia

Assoviando uma coplinha buena e curta na hora do aparte.

De pronto às vezes nasce aporreada sem costeio

Sem jeito fugida como se saísse dos potreiros

Coiceando pelo corredor, e descer ladeira abaixo.

E na mesma mão que aperta o bocal sai a copla por inteiro

Pela hora de mate solito lembrando-se dos olhos serenos

N’algum sonho moreno, pelo floreio da guitarra campeira.

Sem medo do que saia pelo olhar debaixo das abas do chapéu.

E mesmo assim pelo deus supremo sai pelo cheiro das flores

Essa copla bordada em alma e em luz de vida.

Somente ela sabendo das veredas e das noites solitas

Costeando sonhos em flor perdidos sem partidas.

Somente sei que por ela tenho em luz de lá de cima

O acalanto por uma copla simples de vida e guarida

Ginete
Enviado por Ginete em 16/11/2012
Código do texto: T3989318
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.