Depois das lidas, pela hora da cambona

Um dia pela hora larga da noite

Que uma chuva dolente fez acoite

Pela quinchá alta do galpão.

Lá ao longe ficou na amplidão

A lembrança que ficou perdida

Pela hora larga da lida.

Nos cascos da potrada de pouco foi galopeada

Foi se consumindo pelo dia na estrada.

Que agora de alpargatas.

Mate no novo, mira pela hora gosta.

E pelos olhos encilha denovo potros

Que de lombo marcados agora soltos como os astros,

Que brilham lá no céu...

Que uma estrela passa perto da aba do chapéu,

E mirando além do galpão

A chuva que a pouco foi louca, e agora na mansidão

Fica na hora ouvindo um radio

Esperando a volta de alguma coisa pelo pátio

Que pela frente do ramadão, A chuva molhou,

E nos meus olhos não secou.

O radio fala de tudo e mais um eito...

Fala pra outros em uma letra das coisas do peito.

Conta do tempo, mas a chuva lá por fora

Não para, e o galpão escora.

Que continuo de mate na mão e alpargatas

Mirando a chuva pelas travas gastas

Que escorrem lavando, levando o pó do dia

Que pelo barro bordado, o pó se recria...

E entendo que tudo tem um fim

Mas renasce mesmo assim.

Se o pó que levanta pelo e gruda nas botas

E vira barro e pelas grotas.

Entendo que minha alma renasce

Mas certa coisa não se esquece.

Mas apreende também pela chuvita

Que agora ela fica mansita.

E faz renascer por os olhos de quem mira

Além do barulho e das gotas que vem do céu.

Ginete
Enviado por Ginete em 22/03/2012
Código do texto: T3570003
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