MATEANDO
Meus amigos, aí vai o mate
Vão mateando, despacito
Que triste é matear sólito
Quando a velhice nos bate.
Por isso, nesse arremate,
Que chegou num arrepio,
Meu velho peito vazio
Que já teve tanta dona
Ressonga que nem cordeona
Nos bailes de rancherio!
Não é que me falte fibra
Nem firmeza no garrão
Pois meu velho coração
Bem compassado ainda vibra.
Quem gastou libra por libra
Da sorte fazendo alarde,
Não cala por ser covarde
Nem chora por ser manheiro
Lámenta é o sol derradeiro
Que vai borcando na tarde
É a saúdade , essa punilha
Que nos vai roendo o carnal,
Esse caruncho infernal
Que fura até curunilha,
É a derradeira tropilha
Da vida mal tironeada
Que chegando ao fim da estrada
Se dá conta, num segundo,
Que veio e vai deste mundo
Sofrendo a troco de nada!
É triste matear sózinho
De tarde ou de madrugada
Amargando a paleteada
De algum passado carinho
Como dói lembrar o ninho
Que o tempo levou na enchente,
Mas, porém, deixou semente
De tristeza e de amargura
Prá reviver a ternura
De alguém que já foi da gente.
É por isso meus amigos
Que não mateio sólito
Embora o verde bendito
Prá mim seja mais que vicío.
É meu último municío,
Que não dispenso nem largo
E peço a Deus, sem embargo
Da chucreza do meu canto
Que no Céu me guarde um santo
Parceiro prá o Mate-Amargo!!
BÚENAS AMIGOS!!Este poema é de JAIME CAETANO BRAUN,
um dos maiores poetas,que este pago já teve. Pois,
ofereço á todos os senhores AMANTES da poesia gaúcha
e crioula, que vivem noutras querências, más que não
esquecem a sua identidade e os costúmes de tomar
seu chimarrão feito de luxo e á capricho, em qualquer
horário, pois este MATE CHIMARRÃO, representa a nossa
hospitalidade, pelo gosto apurado de receber qualquer
amigo e irmão que se achegue nestes PAGOS.
MEU ABRAÇO FLÔR DE ESPECIAL E VOLTAREMOS.....
EDEGAR SOARES
PAGOS