179°

Como compreender o belo

Se a minha escrita possui falhas

Escrevo o que a vida não fala

O que poderia ser gritado

Sou caminhante de cemitérios

Juntando versos em hemisférios

Provando o gosto amargo da saudade

Transando no primeiro ou segundo ato

Falhando ao penetrar a carne

Enquanto o que elas buscam é a alma

O que sou nessa imensidão de vazios

Se não consigo compreender a natureza

Se minha ação humana é trucidar a carne

Penetrar aquelas que merecem flores

Como perceber as ondas na praia

Quer-se a zoada de corpos suados

Rasgando-se em orgasmos mentirosos

Como manter o essencial

Se ninguém busca a verdade

Engano por que sou enganado

Vou colecionando os corpos

Que se rasgaram para mim sem vaidade

Não existe saudade quando não se toca a alma.

Otreblig Solrac - O poeta burro

Otreblig Solrac
Enviado por Otreblig Solrac em 06/11/2023
Código do texto: T7926107
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