Tristezas do Prazer

Carne que ruges o aflitivo desejo férreo

Na forja entreaberta dos portais da imensidade

Reverberante,ubérrima papoula de quimera,

Escravizadora latente da fibra intima possante.

Mana de amor amores teu tacito império

Dentre as pedrarias dos portões da aurora

Que se desenha no triunfo de mil beijos

Gementes chamas cujas flamas são adejos.

Corporeo albergue de meu animo terrestre

Substantivo universal ao verbo de meus nervos

A ação de amar labirinto de abandono

A desaguar nos achados plenos da tesa maré.

Deusa eloquente,paixão que me redimes

Do banal mundo de minha luta humana

E o dia a dia por ti nova miséria conhece

Carne orgíaca a abater o hormônio na artéria.

Vontade férrea, distende pelos glaucos horizontes

A doce ousadia de meu ser em sol e chama,

Transpõe o abismo,ponte do sorriso amante,

Funde o meu hino nas asas do teu beijo.

O par amante reconhece o reposteiro ardente

Lucido e noturno mel enluado da volúpia

Desejo soberano que delicias e que torturas

Fonte de gozo audaz e atroz suplicio.

Duro poema para a beleza do abandono

Teso falo para a gloria do teu intimo segredo

Tormento a ferir as asas da pimenta

Borrão de urro nas asas da luxuria.

E tu,oh patativa errante,ébrio dos amores,

Não sentes a dor na presença do teu gozo?

Não é tormento a primavera do desejo

Cujo delito é quente de ânsia procelosa?

Colher a rosa, no báratro dos anseios,

Sedento de vida,bêbedo de gozadas,

Errante a vagar pela fantasia atrevida

Carcere insano,espectro do luar.

Tesão, pomba dolorosa no parque do prazer,

Incendio atroz do jardim do entusiasmo,

Buliçoso movimento a roer o cansaço

Até a exaustão em reta de delírio.

O próprio êxtase é dor, gume supremo,

Pontada de mel cujo fel é morte discreta,

Pelo teu corpo canta a lua enluarada

Menstruada de pranto ante minha alvorada.

Basta! Cheguemos ao azul de nossos amores!

A delicia do desejo fere e dilacera a alma?

Monstro a pompear no oceano do gozo

O gosto atroz da torturante loucura da carne.