Serei tua

Quando o cheiro te acusar a minha sede

E a minha pele a riçar

Só vestida dos cabelos

Dos teus braços, dos teus pelos

Tua língua a me tocar

Ao calar-me a boca nua

E o meu corpo a gritar

Serei tua

Quando um beijo acarinhar o meu segredo

E eu ter-te de joelhos

Devotado a minha rosa

A sorver-me, derreter-me

A banhar-lhe, generosa

Ao servir minha pele crua

A tua língua ferverosa

Serei tua

Quando o gozo vir cobrar-me gratidão

O farei por teu prazer

Te terei em minha mão

Lábios, boca e garganta

Para, então, assim fazer

Ei de ter o dom das ruas

E ao despir-me desta santa

Serei tua

Quando o rei tornar então ao seu castelo

Romper, por forçar-me a fronteira

Penetrar-me, estar em mim

Desbravar-me por inteira

Acabar-me em gozo enfim

Suspirar a luz da lua

Só então, e só assim

Serei tua