Invado seu corpo.
Invado o seu corpo como a lagarta
jaz envolta a crisálida,
hospedeiros somos, um do outro,
na mesma morfose, anjo e homem,
na podridão da carcaça.
Desfragmentadas em retalhos
e em pequenas lágrimas, esquartejados,
à alma dos que morrem,
estamos nus deteriorados.
Em pé, estamos, um do outro,
de frente e de traz, deito sobre o seu corpo
entre as suas pernas, entro,
coloco as mãos no seu pescoço
te estrangulando e te fazendo gemer,
geme os prazeres sujos da prostituição.
Eis o nosso prazer.
Toda essa euforia frenética,
me faz mais te desejar e desdobrar,
o ensejo mais sórdido,
agindo os instintos mais carnais e antigos,
que desde ao longo do tempo não foram extintos.
olhando em seus olhos, me desfazendo,
beijo à sua boca, me perdendo, em você,
provando, o doce, gosto, amargo, como sua carne.
Ruíram nossos dias como as flores,
murcharam as pétalas em escombros,
subvertendo o medo com estrondos,
gastaremos a matéria até ficarem podres.