SACROSSANTO DELEITE

Derrama Senhor sobre mim o teu amor!

O leite não chora por ele derramado

Tem-se um regozijo. Um deleite de leite.

N’um leito enluarado de grito

Derrama Senhor...

Derrama sobre mim o teu amor!

Bem aqui em meu ventre.

Terra úmida. Fértil.

Coquetel de húmus a bailar na via-láctea.

N’um alvo caminho que pintei no universo.

Derrama Senhor...

Derrama Senhor sobre mim o teu amor!

Que navegarei neste líquido branco cintilante

Cortando mares!

Desbravando terras!

Ventos!

Tempestades!

Raios claros de nuvem que atingem meu sonho.

Meu útero

Trompas ligadas por um lascivo fio prateado

Derrama Senhor...

Derrama senhor Sobre mim o teu amor!

Abençoa esta terra seca. Rachada

Do Sertão.

Sê então o senhor meu de todos as noites

Embevecida de transcendência.

Nirvana de gotas cândidas a luzir

No vácuo suado da boca

Do mundo.

Inaê Sodré
Enviado por Inaê Sodré em 11/10/2016
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