Na carne
A carne queima
numa teima
entremeada,
estremecida.
Permanece,
oxida o tempo,
suspende-se rígida
para depois largar-se
em queda livre.
A carne é quente,
faz ferver o sangue,
é molhada de suor,
grita de dor,
sorri por amor.
Move-se pesada,
escrava da ânsia
encravada,
enervada,
que só se acalma
quando se consome
até a fadiga.
A carne se destrói,
mordida,
mastigada,
e se reconstrói
costurada em grandes nós.
A carne geme,
e treme,
temendo não ser
cálida,
viva,
vermelha.
Vermelha como os
lábios da mulher
amada.