Miragens do Deserto

Músicas árabes ao fundo do que escrevo,

embalam-me o coração.

Estou flutuando pelo deserto.

Vento de areia quente a soprar,

ultrapassando a veste beduína.

As contorções do corpo, ao longo do trajeto,

indica o desejo de aconchego.

Oh! Beduíno, queimado pelo Sol,

permita-me ver tuas faces,

e descobrir que és o ser que almejo.

Prostar-me-ei diante de ti,

E sentirás nas minhas lágrimas

o quanto o amor queima meus olhos.

Dar-te-ei a alegria pueril,

brincarei contigo.

Correremos nas dunas, ao entardecer.

Procurar-te-ei nas cavernas arenosas,

E, nas águas do oásis, mergulharemos.

De corpos unidos, perante o sol abrasador,

a te iluminar o semblante,

descobrirei o meu amor.

Lamparinas ardendo em chamas,

contrapondo a calmaria do céu estrelado,

anuncia o bailar de corpos,

nas montanhas de areia,

deste deserto magnífico.

Música, dança, vinho,

pés nus, permitindo ao corpo

reluzir movimentos de serpente.

Voz máscula, pronuncia palavras ininteligíveis,

salientando o rasgar da voz na noite cálida.

Quanto mistério, terei eu que traduzir

deste lugar encantador ?.

Ouvirei apenas o som rouco de tua garganta,

a me dizer, entre sílabas, o que não entendo,

mas simplesmente o que quero sentir.

Músicas árabes persistem a tocar,

frisando a utopia que estava a vivenciar.

Miragens do deserto, foi o que estive a sonhar.

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