Onde Mora Meu Coração

Na cidade grande o asfalto é quente,

É grande, mas parece que não cabe tanta gente,

Uns passam pelos outros e seguem em frente,

Ninguém cumprimenta ninguém, e parece que ninguém sente.

Na cidade grande quem tem que esperar na rua é a gente,

Os carros passam velozes, apressados, potentes,

Só param quando o sinal é vermelho pra eles e verde pra gente,

Também com tanta gente, os carros andariam como se fossem gente.

Na cidade grande, o problema de um é somente dele, não entendo essa gente,

Na minha cidade, pequena como um ovo de codorna, não tem tanta gente,

Cada um conhece o outro, e se não conhece, conhece alguém que conhece a gente,

O problema de um é problema de toda gente, sempre aparece alguém pra animar a gente.

Cidade pequena é assim, pouca gente, vontade de ajudar o outro espontaneamente,

De vez em quando acontece uma rusga entre amigos ou parentes,

Mas tudo se resolve ao tocar do sino, anunciando a partida de um ente,

Todos se reúnem, e diante da morte presente, acabam sendo amigos novamente.

Às vezes o padre da cidade, toma conhecimento deste incidente,

Chama as partes e consegue mostrar que o amor do Cristo é presente,

Faz um sermão para acalmar e colocar juízo na cabeça dos presentes,

No final, todos são amigos novamente.

Na cidade grande, cada um por si é o que se sente,

Aqui na minha cidade pequena e singela, com pouca gente,

Tem ajuda, tem albergue, tem solidariedade de sobra pra toda gente,

É como coração de mãe, sempre tem lugar pra mais gente.

Prefiro minha cidade pequena e pacata, com pouca gente,

Por que aqui sou conhecido pelo nome, e pela mãe que criou a gente,

Aqui sou o filho da Dona Maria, do Seu Pedro, aqui eu sou alguém, sou gente,

Não me sinto sozinho no coração, essa é minha gente.