Alegre Epopéia

Ao leito do açude então nascido

Da cólera do homem escravizado

Tivera aí te soerguido

Ó casa-grande, fazenda de gado

Berço de crioli aplumado,

por onde sangra a lagoa,

pra embebedar outros rios

dar de banhar às pessoas

Tu nasceste das onças,

e alegre tornaste

Quando em tempo

mui gente te povoaste

Negros, brancos, de Livramento e Estanhado

Cearenses, flagelos da seca, e do Crato.

Se em teu céu formoso estampasse

nas alíneas, à vera, o fulgor

de teus filhos veriam o amor

que produzes naquele nasce

Se o penar do cabôclo findasse

Não findaria com ele a beleza

que no verde profuso, riqueza

ela pinta na fronte da face.

As vivendas de taipa nas matas

De teu povo sofrido emula

o casebre de barro das aves

Que ao homem em tudo simula

Subsiste do arado terreno fôsso

Do plantio natural, tua prole,

Nas veredas por onde corre,

para a figura de um homem moço.

Ó lagoa alegre, das gentes afins

Lagoa que à noite a alma desvenda

Lagoa Seca, da Serra e Cupins

Ó lagoa de água Serena.

Corre-te as águas sagradas

No arriba, abaixo, carpindo...

Travessa, como rindo

perde-se a poeira

no céu desmensurado

onde tudo de lindo foi botado

Para embelezar-te assim!

Thiago Inácio
Enviado por Thiago Inácio em 18/02/2022
Código do texto: T7455116
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