A prisão de cada um

O pobre do papagaio

Falando como pessoa

Depois de muito ensaio

Esqueceu a vida à toa

É livre com um raio

Mas nem voar ele voa.

Lá vem o macaco prego

Parecido com a gente

Mostra nos olhos o ego

Mais ele não ta contente

É a tristeza que enxergo

Presa numa corrente.

A onça animal feroz

Dentro da jaula de aço

Destino triste e atroz

Lá fora ta seu espaço

Só não lhe tiraram a voz

Mas a perdeu no mormaço

O homem outro coitado

Numa prisão bem carnuda

Fica todo enroscado

Em uma fina cintura

Preso por todos os lados

Em jaula de formosura.

A mulher é diferente

Sendo ela a estrutura

Fica gosando da gente

Dona de toda lisura

Por isso vive contente

Enquanto a prisão dura.

A mãe presa ao seu filho

O pai prisioneiro dos dois

Os três presos em um trilho

Aquele feijão com arroz

Todos querendo o brilho

E a vida fica pra depois.

Miguel Jacó ( Interação )

Tudo é circunstancial,

Cada um com seu tormento,

Indo pro mundo animal,

Temos também o jumento,

Carregando muita carga,

Sem nem um agradecimento