O Estado

Quando tuas leis entram em colapso

em busca da não necessidade de leis

o Estado te resolve

com sua tempestade de artigos definidos

e te mantém

Quando um lampejo ilumina

tua chama de justo descontrole

o Estado te envolve

com suas confusas análises explicativas

e te devolve

Quando mais de dez por cento de tua consciência

revive teus medos e não procuras ninguém

o Estado te acalma

com suas acomodadas definições coletivas

e te controla

Quando o choro de tuas entranhas

te desequilibra para um franco desenvolvimento

o Estado te analisa

com sua mente bitolada criando razões

e te esvazia

Quando gritas e sofres, abrigando em ti o amor

e entras em tortuosos caminhos de paz

o Estado te avisa

com sua burocracia barata "em nome do social"

e te adormece

Quando já não aguentas visões distorcidas

e teus segredos mudos ecoam em teus atos

o Estado te julga

com seu ímpeto de massificar individualidades

e, "democraticamente",

te condena

Mas se olhas nos olhos de tua pátria

se cobres tuas mágoas

se tens fome calada

e abaixas os olhos, sem esperança

o Estado te afaga

para que acabes por acreditar

que o Estado te ama...

Alessandra Barros, Outubro de 1993 (é, a data tá certa, sim)

#poesiasadolescentes #dofundodobaú #diretodotúneldotempo

Alessandra Barros
Enviado por Alessandra Barros em 07/08/2014
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