Conflito

Considerei tudo. Até a morte da cachorra Baleia foi avaliada e conferida na ponta da língua. Pedra sobre pedra, nada ficou sem que eu corresse os olhos. Digo e repito: até a minha morte foi cogitada. Não que quisesse me matar, não é isso. E mesmo que fosse, essa loucura faria pouca diferença no contexto. O que tinha que acontecer já havia ficado para trás, pelo menos por uma semana de dez dias. Se não me engano, nunca me arrependi de um encontro por mais rude que fosse. Até posso lhe contar tudo nos mais diversos detalhes.

Certo dia pela manhã, caminhando no florescer das primeiras horas, seguia para o lado oposto de onde queria. Sem que houvesse marcado um encontro, deparei comigo mesmo diante de um gigantesco espelho. Não me reconheci, apesar de todas as semelhanças estarem visíveis. Porém, aquele não poderia ser o meu nariz, aquela não poderia ser a minha boca e nem aquelas orelhas de abano eram as minhas. Fiquei pasmo! Nunca vi o meu nariz, nunca vi a minha boca e muito menos as minhas orelhas. Ah! " — Vou-me embora pra Pasárgada lá sou amigo do rei.”.

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 28/03/2024
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