Vírus

Nos invernos da vida caminho devagar,

Sentindo o doce sabor do frio que,

Como vírus a me destruir, me abraça,

Me acolhe e me sustenta a cada

Suspiro congelado que me arranja

Os deteriorados pulmões cálidos.

Em meu corpo, alquebrado pelo

Vírus de uma gélida paixão, trago

Toda a força de um macabro amor

Abençoado, destoando de toda

Essa escuridão que insiste em escorrer

Por entre os quebradiços fios de meus

Cabelos contaminados pelo calor

Da morte que, à espreita, me faz deitar

As rubras lágrimas dessa luz que

Me envolve nessa doce solidão.

Como num sacrifício inexistente

Abraço em minha células o vírus

Que cada vez mais, como um amor,

Me eleva ao sombrio pedestal,

Sempre a me fazer sentir esse

Divino delírio da paixão que sempre

Me faz sentir um doce anjo corrompido.

Karen Samira Yagami
Enviado por Karen Samira Yagami em 10/02/2019
Código do texto: T6571889
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