Mundo das trevas

Lúgubre treva...ofuscava a fulgência da Lua
impiedosamente desfazia a expressão da estrelas –
comprimia a alma com seu gélido beijo,
cortava o coração como uma navalha afiada,
a sangue vertia...gota a gota ele se desfazia...
até ressequir e restar apenas uma caixa oca
de céus acinzentados, de mar mortificado
de mundo sem cores, sem cheiro, apenas
fetidez de sentimentos putrificados exalando
universo apagado:
sem vida, sem vontade, sem amor...
abutres famintos permeavam em meio
a decomposição e devoravam o que sobejou
dos sentimentos mais caros –
porém, fenecidos em terras inabitadas
Agora, a alma em outra dimensão chora...
lamenta a partida, com ela o amor, que se dizimou
em nada...se perdeu, foi embora, divagou...
- os olhos de repente se abrem: não vejo nada!
senão trevas, vento cortante que bate o rosto.
Uma sensação impar, inexplicável...
O beijo outrora sem vida, agora é doce e excitante:
um misto de imodéstia, impiedade, sátira
libertinagem, paixão sem controle
A alma já há muito flagelada pela vida profana
no espelho já não se reconhece!
A escuridão implanta agora o seu reino
acende o vitaliciedade com fogo
de sua perversidade e sua taça derrama:
elixir, cura da alma...um dose de fogo e poder!
dos olhos escorrem lavas de fogo:
contemplam outra dimensão,  a consciência se expande
gradativamente...o fogo aumenta!
Torna o alma astuta, tal como a serpente!
O caminho se abre, a luz do fogo me guia...
A escuridão agora é vida, é desejo e vontade
- Levanto sem medos, deixo a prostração!
a fraqueza é dizimada, o medo suplantando pela vontade
a ânsia se desfaz!
Agora devo seguir em direção ao meu reinado,
Meu mundo sem piedade, bondade, amabilidade,
apenas escuridão! 
A taça está cheia:
Para quem compreende as trevas: libertação,
para os cépticos: perdição!

 
Eliezer Teodoro
Enviado por Eliezer Teodoro em 16/07/2018
Reeditado em 16/07/2018
Código do texto: T6391918
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