Botão de Rosa
Na imensa e gloriosa sombra do céu
A tristonha... Escrava chuva
Banhava-se em gotas de fel
Bebia do mundo toda a tristeza, toda cicuta.
Do rosnar da noite surgia o broto
A terra rasgava-se em sangue o solo rude
O galho espinhoso que nasce do sofrimento térreo és belo e gracioso
O amor só nasce da melancolia e da virtude...
Com o envelhecer do tempo
O galho gera um botão, flor majestosa.
A flor gerada da dor, inda jaz em solene sereno,
A gerada flor úmida de veneno, pigmenta-se do sangue, do sofrimento e da discórdia.
Na insana madruga
O botão se desabrocha
Diante da lua prateada
Diante os espinhos, emerge da solidão um carmesim botão de rosa.