A cidade

Como? A cidade eis aqui erguida

e eu nem um cisco a ela teci,

ando assim sobre as ruas ávida,

onde dos meus irmãos o sangue crepita

e à errante ausência só se pode mentir.

O mundo se é na completa,

e eu só agora nasci,

o povo em reta aos milhões,

sonho com infindos raios no porvir,

o mundo é teu, teu sangue jaz aqui.

E atrás de tudo nessa metrópole

se vê fervente a crescente morte

que na madeira polida, se foi um sonho

nas horas sob a quente avenida, viu se o tempo ir

sem que junto a seu povo a fizesse fulgir

Na rareza do condor, se vê o cisco de um sonho

onde não é dona do mundo essa tríplice

onde raios iluminam todas casas, e delas se pode fugir,

onde o limite é a morte, e não se morre de suprimir

onde na noite, milhões de estrelas calorosas dançam enfim.

Luana Cezar
Enviado por Luana Cezar em 29/03/2024
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