Acerto de contas

Quanto custa o ar ?

Falta pouco para virem vender,

Perguntarei, então,

Ao vendedor malsão,

Se é possível se pagar,

Só pela parte que se possa respirar!

Hoje em dia paga-se pela TV,

Tem preço tudo que seja diversão,

Paga-se pelo que vai se ver,

Paga-se pelo que não se vê,

Paga-se pelo que querem nos vender.

Nessa lógica econômica,

O rico nunca fica para trás,

Todos os cafés serão pequenos,

Quem tem muito dinheiro paga menos,

Quem tem pouco paga mais.

Confesso que fico perdido,

Não consigo pagar, sobretudo,

por tudo o que não faz sentido.

Assim não fecha o meu balanço,

Essa lógica é perversa , sobretudo,

Quanto mais relaxo,

Mais eu me canso.

Quanto mais estudo,

Mais evolui meu ranço.

Um ciclo que não tem fim,

O primeiro recurso a terminar,

É sempre o meu dindim.

Trabalho para pagar,

Mas pago para trabalhar.

Melhor seria permanecer zerado,

Não é caro, se de graça foi contratado;

Há de chegar, por fim, o dia,

Em que toda dívida será saldada,

Minha carcaça estará enterrada,

Quando Deus cortar minha energia.

E o gerente do banco, automaticamente,

Sob a frieza de uma lâmpada fluorescente,

Ordenará a prospecção de novo aporte,

Calculará juros sobre juros de uma vida toda,

E sugará sangue novo após a minha morte.

É o que acontece diariamente,

Confisca-se a vida, sobretaxa-se a mente,

Mas compreendi desde a juventude,

Que o materialismo é um jegue manco,

A real riqueza não se submete à finitude,

E o dinheiro é só um número no computador do banco.

Weber Palmieri
Enviado por Weber Palmieri em 22/12/2021
Código do texto: T7413037
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