A menina que colhia versos no cesto de lixo

Naquele município novo e distante

Nos confins do país

Padrão formal de antanho

Distante e obtuso

Seguindo o passo do passado

Como seria sem uma escola?

Sem uma professora

Mostrando um norte

O que seria daquela criança,

Sonhadora, com fome de conhecimento

Com sede de querer saber, curiosa

Pés no chão, olhando o céu no horizonte

Queria distinguir as entranhas da matemática

A ciência da geografia, do desenho, da arte

Da política, da língua e suas nuances

Os caminhos da musica, da poesia

Como realizar esta façanha

Se recurso não tinha

Pobre, sem livros

Sem previsão de tê-los

Sem provisão, alías não eram aceitos

Para as mulheres

Naquela era

Qual seu provedor

O lixo, lá encontrou

Muitas paginas sumiram, outras por vezes

Estavam apagadas, letras gastas pelo tempo

Mas eram lidas avidamente às escondidas

Seus pais não podiam tomar conhecimento

Onde guardá-las?

Página por página muitas soltas

Acondicionadas em ocos de paus na roça

Cuidadosamente embrulhadas em folhas secas.

À noite quando encostava a cabeça no travesseiro e pensava

Será que o orvalho vai umedecê-las?

A chuva era um pesadelo! Como chovia naquele tempo!

Pouco dormia de preocupação.

Felizmente aquela menina não foi pega naquela travessura

E cresceu, teve condições de atravessar a vida e sonhar

Melhor ainda, realizar seus sonhos, que não foram poucos

Dentre eles, apreciar uma boa leitura

Sentir a olhos vistos que a leitura

Danifica seriamente a ignorância

Mas, mais que isso com ela criamos asas

Imaginamos o futuro criando e vivendo

O presente em toda sua plenitude

Felizmente havia uma escola naquele lugar

Tinha uma professora e um cesto de lixo

Com um livro dentro

Minha admiração , Genice

Luiz Carlos Zanardo
Enviado por Luiz Carlos Zanardo em 06/02/2021
Reeditado em 06/02/2021
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