A MISÉRIA QUE NÃO QUER SE ESCONDER

Os rastros da indigência, que exalam um odor de morte,

Maculam o cotidiano das ruas das cidades sem suporte,

Num panorama sombrio de muitas feridas profundas.

Pelas calçadas, surge um apelo de almas desamparadas

E o cansaço no rosto de muitas vidas marginalizadas

Já roucas no seu anseio por mudanças fecundas.

Ainda que muitos não queiram ver,

Ainda que muitos tentam desmerecer

A realidade horrenda que insiste em desmascarar

Toda a alienação cotidiana que não quer despertar,

A pobreza com todos os vultos de suas deformidades

Faz questão de escancarar o erro e também ferir

O orgulho daqueles que não a querem admitir.

Ainda que alguns tentem camuflar

O abismo social que destoa a harmônica beleza

De nossos monumentos históricos cheios de riqueza,

A indigência e a marginalidade de seres quase invisíveis

Berram para o mundo as suas dores mais perceptíveis,

Tirando do esquecimento toda a omissão

E trazendo à tona a fraude de quem quer encobrir

A sua má conduta co'uma fachada de boa administração.

A face da miséria nos semblantes oprimidos

Jamais faz questão de ficar oculta nos céus ensolarados

Das grandes metrópoles repletas de passos acelerados

E de seres indiferentes a dor dos exauridos

Pelo fantasma da desolação que cresce a cada dia

Com as manifestações de prostrações e tormentos

Pelas regiões cercadas de contrastes violentos.

Alessandro Nogueira
Enviado por Alessandro Nogueira em 16/10/2020
Reeditado em 16/10/2020
Código do texto: T7088695
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