Meninos de latrina

Cruas de solidez, estas famílias,

Delas nascem os jovens de hoje,

Famintos de afagos e de afetos,

Em busca, crescem, de uma fuga

Semi-existencialista, inane.

O maior crime do mundo

É não saber

Educar um filho.

Cria-se um novilho,

Um a mais para o gado

De corte, perdido na pastagem

Pastosa dessas gargantas sombrias.

Em cada ombro, não há

Fardo mais sofrido

Que o pesado labor de vagar

Sem rumo, que esta,

A imaturidade, alcunhada

De lar, regride na criação

De sofismas dogmáticos.

O ato de pensar

O mundo não se resume

Apenas no modernismo

Infundado e desconexo,

Mas no despertar da mente

Subliminar que nos é nata.

Há, pois, em cada jovem,

A fome de afagos e afetos,

A profunda marca

Do misticismo adúltero

Que cultiva o homem:

A demência animalizada do ódio.

___________________________

*Poema escrito na década de 1980.

Maurício Apolinário
Enviado por Maurício Apolinário em 16/10/2007
Reeditado em 18/01/2008
Código do texto: T696086
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.