Ego Negro

Hoje eu acordei me sentindo mais negro (a),

Hoje eu despertei me curtindo ser negro (a),

e tomei banho querendo ser mais negro (a) ainda.

Sabe qual o problema disso?

Isso é proibido, é reprimido!

pois ninguém quis que eu me sentisse assim.

O meu eu é revogado,

e sou compelida a esquecer minha negritude.

Não suporto mais esconder minhas virtudes.

Eu quero sair de turbante com atitude, sem receber os olhares amiúdes!

Eu quero me enrolar nos meus cachos, então não faça essa cara de tacho,

porque aqui é meu espaço e eu vou ocupar!

Vou ocupar, pode escutar? Nada de ocultar!

Nem tente me convencer a alisar,para advogar, por que o que eu quero é me empoderar!

E ninguém poderá nos negar, o poder que apenas vamos resgatar.

Eu quero sair a noite sem ser revistado,

Estou cansado de ser revirado, molestado e clareado!

Cansada de parir sem anestesia, servindo de mucama para a pseudo-burguesia,

Que acha que tudo que eu digo é uma gritaria, vivem uma fantasia, mas me pagam uma micharia!

Chega! Não existe racismo inverso! Isso só persiste no seu universo, cheio de ódio, rancor com homens perversos!

O que é real é a misoginia, a empatia, a bulimia emocional que seu rancor me causou...

Afinal, todo preto consciente é um preto descontente...

E atire a primeira pedra quem não cerrou os dentes para um negro oponente...

E que nunca se irritou com um negro resistente? Apenas sinta querido, negro já nasce potente!

O meu eco resplandece da África até os seus ouvidos, da NAFTA até o infinito

Por que eu sou tudo! Eu sou o mundo, eu sou o INTERNACIONAL! e a sua mania de me embranquecer é inconstitucional !

Elizabete Araújo e Bruno Patrocínio
Enviado por Elizabete Araújo em 30/10/2018
Código do texto: T6490281
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.