Apologia aos mitos
Prometeu até que tentou uma rebelião,
isso quando o mundo era um pouco mais que um embrião,
mas foi sucumbido pelos demais deuses do olimpo
e desde então ficou claro a diferença entre querer e poder.
Se queres de fato salvar o mundo,
tens que ser bem mais hábil que Jesus
e também mais ligeiro que a luz.
Faltou alguém para dizer-lhe isso
e ainda falta nos lembrarmos disso, também.
Joaquim só chegou onde deixaram que chegasse,
para alimentar aquele nosso sentimento de justiça,
mantendo a fé de que um dia o bem reinará,
na vida de todos: pobres e ricos, sábios e tolos.
Tim, subiu o morro e nunca mais voltou,
executado e incendiado e até suas cinzas,
foram levadas pelo vento, que conspirou contra,
porque o poder é bem mais eloquente,
até mais que a mais linda mulher.
O Ministro chega ao topo da cadeia de comando,
mas se for o do Trabalho, percebe que não há trabalho,
a não ser aquele do tipo escravo, de mísero salário,
que aprisiona até o chefe, porque não é fácil ser patrão,
quando é o Estado quem dita as leis.
Licença gestante -uma coisa muito relevante,
mas é o patrão quem arca com o maior custo.
Licença saúde, mas o Ministro da Saúde,
que também chegou ao topo de comando daquela pasta,
percebe que também não há saúde
e é uma grande pena que eu não pude,
dizer para o Prometeu, que o Ministro também prometeu,
cuidar bem e resolver esse assunto.
Ainda bem que esperança é diferente de ilusão.
Mas, voltando ao olimpo,
que devia ser muito limpo,
dada a presença de tantas divindades,
enquanto Prometeu ensaiava a sua insatisfação,
o seu conterrâneo, mas que não sei se contemporâneo,
de nome Eros, sentou-se no trono do deus do amor.
Mas, somente do amor somente carnal,
na nossa visão animal ou animalesca,
pois a nossa primeira tendência,
é a de pensar em sexo.
No prazer de trepar,
assim como o menino trepa na ingazeira,
na beira do rio, para de lá saltar.
Sindicalistas e ruralistas são oportunistas
e as grandes causas sempre foram as nossas próprias,
num instinto de preservação natural, mas individual,
como citam alguns psicanalistas.
O presidente do sindicato dos fosseiros,
não limpa fossa e tem pavor do cheiro de bosta
e o ruralista, nunca trabalhou na roça.
Movimentos sindicais, irracionais;
paralizações e a fome pelos sertões continua,
enquanto a menina continua nua
e propensa à prostituição,
mesmo não sendo essa a sua vocação,
enquanto Eros continua no trono, sentado.
Bastava o amor para nos igualar
e não seria preciso nenhum movimento a mais,
greves demais, questões salariais,
se a nossa Constituição, inspirada na Bíblia,
fosse cumprida.
Somos todos iguais.
Mas, Deus, quem foi que disse isso?
Zeus e seus iguais continuam no olimpo,
não mais tão limpo.
Prometeu só criou o verbo prometer,
enquanto Eros, virou marca de preservativo.
E os fariseus,
sedentos e com poucos suprimentos,
continuam a marcha esperançosa,
de ainda encontrar a terra prometida.
É isso que é a vida (?)
e quem é que quer um quilinho a mais,
de sofrimento?