Esfomeando
A tristeza bateu à minha porta
Tinha o rosto de criança desnutrida
E Pediu-me de mãozinha estendida
As sobras do meu prato de torta
Eu lhe dei o resto do meu prato
E a vergonha era tudo que eu tinha
Por me ver travestido em fino trato
Ter tão pouco, mas ter mais do que ela tinha
A propaganda contra a miséria e a fome
Não faz mais do que servir de estética
Quem a cria a conhece só de nome
Fica sendo uma situação patética
Se o dinheiro dos impostos que pagamos
Não parasse em mãos inescrupulosas
Desviado ou roubado assim digamos
Fome e miséria seriam apenas prosas
Mas que nada, tudo não passa de papos
Da propagando que se mostra engraçada
E as crianças disputando com os ratos
O pão mofado que no fim vira piada
Esfomeando/Farias israel