No amigo de quatro rodas
No amigo de boleia e caçamba
Navego no mar de estradas
Asfaltadas, esburacadas e de terra batida

Na caçamba carrego
Um mar de soja para Paranaguá
Um mar de cana para Maringá
Um mar de gado para Corumbá

Um mar de uva que vira um mar de vinho
Um mar de laranja que vira um mar de suco
Um mar de café que vira um mar de grão torrado e moído
Um mar de cacau que vira um mar de chocolate

Um mar de hortifrutigranjeiros
Que abatece um mar de mercados
Um mar de quitandas e feiras
Um mar de casas

Um mar de carros
Um mar de eletrodomésticos
Um mar de sapatos
Um mar de computadores

Um mar de cimento
Um mar de telha
Um mar de tijolo
Um mar de areia

Um mar de trabalho
Um mar de violência
Um mar de problemas
Um mar de contradições

Na boleia carrego minha vida
Meu destino
Meu sustento
Meu Brasil nas costas

Mesmo com o mar de violência nas estradas
Mesmo com o mar de drogas e o mar de putas
Mesmo com o mar de trabalho e o combustível caro
Continuo navegando na estrada


 
Bruno Valverde
Enviado por Bruno Valverde em 22/11/2017
Reeditado em 18/04/2018
Código do texto: T6179370
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