Filho do acaso
Na contramão da vida
A semente foi plantada
E, ao acaso foi gerada
Mas, um fruto indesejado
No mundo foi lançado
Por quem lhes deu a vida
Por quem deveria dar-lhe proteção.
Aquele menino de corpo franzino
E de olhar quase angelical
Mas com um coração endurecido pela vida
Passou a perambular pelas ruas
Crescendo em meio à escória
E, sem carinho e sem amor
Transformou-se em um pequeno contravessor.
Seu teto era debaixo de qualquer viaduto
Sua escola, a arte da subtração
E, ao invés de um lápis na mão
Segurava uma arma em punho
E apertava o gatilho friamente
Ceifando a vida de mais um inocente
Que no chão tombava mortalmente.
Mas, para quem vive no mundo do crime
Não há perspectiva para o futuro
E aquele menino filho do acaso
Colheu os frutos que plantou
E em uma perseguição policial
Foi atingido por um tiro fatal
Que o fez tombar sem vida.