Filho do acaso

Na contramão da vida

A semente foi plantada

E, ao acaso foi gerada

Mas, um fruto indesejado

No mundo foi lançado

Por quem lhes deu a vida

Por quem deveria dar-lhe proteção.

Aquele menino de corpo franzino

E de olhar quase angelical

Mas com um coração endurecido pela vida

Passou a perambular pelas ruas

Crescendo em meio à escória

E, sem carinho e sem amor

Transformou-se em um pequeno contravessor.

Seu teto era debaixo de qualquer viaduto

Sua escola, a arte da subtração

E, ao invés de um lápis na mão

Segurava uma arma em punho

E apertava o gatilho friamente

Ceifando a vida de mais um inocente

Que no chão tombava mortalmente.

Mas, para quem vive no mundo do crime

Não há perspectiva para o futuro

E aquele menino filho do acaso

Colheu os frutos que plantou

E em uma perseguição policial

Foi atingido por um tiro fatal

Que o fez tombar sem vida.

Núbia Cavalcanti dos Santos
Enviado por Núbia Cavalcanti dos Santos em 23/10/2017
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