O sal que sai do sol

As três da madruga

Ela deixa os sonhos no colchão

vai para o chuveiro lavar-se da solidão do quarto

No armário entre retratos dos filhos, uma bela roupa escolhe

Sapatos polidos e Batom

Um café para espantar o sono

e sentada em frente a televisão

voltam inconscientemente os sonhos em promoção

E sai...

À lutar oito horas diárias, por uma aposentadoria que nunca chegará

Acredita que não há nada a, "Temer"

Enquanto varre os paralelepípedos

e calçadas sua marmita esquenta

Sobre fogo e sol

Em sua testa, suor e sal

Escuta pelo fone de ouvido que

Roubaram "mais um muito" no planalto central

O bolso do Naro está cheio

Suas latas do lar quase vazias

O transbordo da propina é perigoso

Vai no bolso, nas cuecas e orifícios

Rolos e rolos grossos de dinheiro

Ao longo dos anos

E no ânus para entrar passa "Mantega".

O sol aumenta, o suor escorre e o sal na testa

Limpa com a manga da camisa e segue varrendo

Todo o lixo das classes sem Educação

que jogam na rua o que provavelmente não fazem no chão

do Lar

No máximo ela tem que se virar

Varre pensando em lavar

O sistema opressor e explorador de mãos

Com um mínimo salário arrancam de nós muitas obras

e para que ela fique conformada

Libera o governo uma "graninha" alí parada

Fundo inativo

para um povo passivo

e ela varre para debaixo do tapete da civilização

a Sujeira imunda dos governantes

acaba o expediente

limpa o rosto novamente, roupa, sapato e batom

Vai orando para casa

pedindo que amanhã seja diferente...

Alguém no empurra empurra do ônibus lotado pergunta o nome dela

Com o corpo moído de cansaço e teimoso a se sustentar responde:

Meu nome?! Sim pois não: SOCIEDADE!

Lauro Camilo
Enviado por Lauro Camilo em 30/08/2017
Código do texto: T6099111
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