Que liberdade o capitalismo te dá?

A grávida
Com dezesseis anos
Escuta funk
Esperando o ônibus de pé
Na periferia

O homem com fome
Abre o saco de lixo
Vasculha o saco
Põe um pouco de comida na mão
Põe a mão na boca

Um exército de marginalizados
Aguarda cabisbaixamente
Com um pote na mão
Um pouco de comida do restaurante
Senão fica sem o pão de cada dia

Crianças que vão para a escola
Para comer
Porque não tem o alimento
Nas suas próprias casas

Uma matilha de crianças
Cães sem dono
Vão em busca de trocado no metrô
Para comprar o osso

A mulher
Com a filha no colo
Pede esmola
Na calçada
Nos semáforos

Crianças tratadas
Como prisioneiros
Nas escolas
Ficam dezenas de anos
Enclausurados nas salas de aula
Não aprendendo
Nem a ler
Nem a escrever

Jovens mortos
No inferno da periferia
Como vira latas
Pelos sanguinários da polícia

Cães que latem
Não querem largar o osso
Brigam como vira latas
Em busca de podres privilégios

Moradores de rua
Passam frio e fome
O prefeito de plantão
Tira seus pertences
Manda o guarda bater

A política higienista do prefeito
Manda o morador de rua
Para o canil invisível
Do abandono e ignorância
Que vai transformar o pobre em sabão

Ratos do Congresso Nacional
Roem a grana do povo
Com propinas
Em tenebrosas transações

A causa de tudo isso
É o capitalismo
Que trata o homem
Como lixo
Como produto
A ser descartado
A qualquer momento

Fica aqui uma questão
Que liberdade
O capitalismo
Te dá
Bruno Valverde
Enviado por Bruno Valverde em 17/07/2017
Reeditado em 26/12/2017
Código do texto: T6057238
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