Cão vadio

Ladras negro, humilde e valente.

De olhos fumegantes,

De estômago ausente.

Sozinho te fizeste,

Pois que a vida assim te ensinou.

E se te pegas doente,

Mais que depressa

Te fazes acostumar-se,

Posto que és cão,

Humilde mas valente.

Por vira-latas te tomam,

Vadio é teu sobrenome.

Não ligue, vadio é coisa dos homens,

O que apenas sabes é viver

Com todas as forças

Que a vida te exige.

E se te pisam e te escurraçam,

É porque não te querem aceitar

Magro, humilde e deselegante,

Posto que és cão,

Negro, mas valente.

E se te faltam jardins

Em mansões ociosas

Para (preso) correres feliz,

É antes por tua liberdade

E valentia não te permitirem,

Do que por infortúnios

Desse destino canino.

Este não o fez para madames.

O fez sim para as ruas,

Para as latas, para a vida,

Posto que és cão,

Negro, humilde e vadio,

Mas valente.

Rogemar Santos
Enviado por Rogemar Santos em 02/07/2017
Código do texto: T6043427
Classificação de conteúdo: seguro