Bandeira de posse

A riqueza tem muitas faces

e raras delas, de fato, seduzem.

Há tantas maquiagens

disfarçando as rugas do ofício,

transformando e distorcendo,

no ócio, toda linha-reta-ação

e ainda deduzem elas que,

tanto pela beleza, adornada,

quanto pela preguiça

embutida, confortavelmente,

se transmuta a visão do vazio,

voraz e verídico que as nobrezas,

do limiar ao derradeiro alcance,

através do acúmulo, podem ostentar,

Nada de nobre há na nobreza

se dela fizer bandeira de posse

e isso, onde houver de haver território,

será um traço indisfarçável.

Já o poder? Ah...o poder,

que pode quase tudo querer,

pode também mudar os rostos.

os rastros e os resultados.

O poder até se vira, para o lado,

acende um cigarro e dorme.

E anda nu, pelas casas, castas e ruas,

tal qual o rei que atentava ao pudor.

É quando a riqueza e o poder se visitam,

sendo uma, prima-irmã do outro,

que tendo eles incestuosas veias, venais,

sugam do vermelho em nome do azul.