No pesar da balança

Do topo da escada já não se enxerga o povo.

O ninguém é ninguém no pesar da balança...

Bateram panelas, bateram canelas, lavaram o rosto.

Suaram um pouco... Encheram a pança!

O barulho ressoa, invade o estômago

Enoja o oco vazio e sem vez; sem comida.

É a vida?

Foi um erro, é um erro, eis o erro:

Foi um berro sem lei,

Foi um golpe sem freio, a vergonha a passeio

Enchendo a mídia que cala em apoio.

E o povo? - É ninguém!

É o imposto, é o fosso, é o corte no pé.

É imposto que o preço é viver sem ter fé.

É o povo que é voto, e nem isso mais é.

É o povo vintém,

E o povo? - É ninguém!

Adianta temer?

Adiante o impostor, jorra o riso do rico...

É errado, é furtado, é encosto e frieza,

É a lama, é a ordem, o progresso é tristeza.

Sem descanso, sem plano, sem tempo, sem voz.

É gigante o descaso que cai sobre nós.

Do topo da escada já não se enxerga o povo.

O ninguém é ninguém no pesar da balança...

É o imposto, é o falso, é uma imensa lambança

É imposto que o preço é viver sem esperança.

É o povo que é voto e não entra na dança.

É o povo vintém.

E o povo? – É ninguém.

Victor Nogueira
Enviado por Victor Nogueira em 29/03/2017
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