Invisível ser humano

O homem invisível não acha seu amor

Vinte e dois anos juntos

Moraram em quatro praças da capital

Um dia sumiu, faleceu

Procurou, tentou, IML visitou

Não foi permitido reconhecer o corpo

...Não existe o sem teto

Morador de rua, sem endereço

...O Estado não permite

Estes cidadãos não existem

As famílias os perderam

Os amigos esqueceram

Mas, ocupam os espaços

Moram nas ruas

...São invisíveis para nação

Não são cidadãos

Não tem sentimento, dignidade

Não pagam impostos

Não pagam nada, não tem nada

...Não tem direito

Será que não tenho direito de reconhecer o corpo de minha mulher?

Como é difícil perder minha companheira, perder o amor da gente!

Gente eu preciso ver, reconhecer

Meus pés incharam de tanto andar, por seis meses procuro

E não permitiram vê-la, foi enterrada como indigente!

... Hoje onde piso é meu chão

Amanhã será o meu teto, ai então, poderei ser gente!

Luiz Carlos Zanardo
Enviado por Luiz Carlos Zanardo em 21/12/2016
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