NA FILA DO SUS

No pronto socorro, na fila do SUS. No alento, no choro, o povo. Se sustenta, se retorce, se contorce. Olhares atentos, fixados, alentos. À espreita do médico, que demora chegar. Olhos assustados, irritados .Procuram a cura, o cessar da dor. Na fila do SUS o povo se inquieta. Desespera, se inteira, e ver-se despedaçar. O direito que é teu, que é meu. Se ausenta, se isenta, sumiu. Na fila do SUS, o povo se aguenta. Segura daqui, acode por ali. Agoniza, grita, implora. O direito, que outrora, resolveu ir embora sem se comunicar. Sem forças, sem eira, sem beira. Vergonha, vergonha, vergonha. Meus olhos sorrateiros assistem o show, assistem o povo não mais se aguentar. Falta compaixão, falta chão..Pro povo se espalhar. Amontoa, a voz entoa, destoa. Socorro, socorro!!! Quem há de escutar?. Tapam ouvidos, fecham os olhos. Ninguém ousa manifestar. Na fila do SUS, lá vem a criança.

Trazida nos braços de um pai que chora. É outro que implora, e que grita socorro....A criança morreu, de tanto esperar. De morte morrida ou de morte matada?. Na negligência, displicência silenciada. A dor não dói mais. Vergonha, vergonha, vergonha. De ver de novo e de novo, o mesmo olhar. Falta complacência, decência. Decadência, na eminência de tudo acabar. Na fila do SUS a história se repete. A criança, o senhor, o mesmo olhar.

Caroline Campos
Enviado por Caroline Campos em 12/12/2016
Reeditado em 29/03/2018
Código do texto: T5851428
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