UM DIA COMUM

É difícil hoje trabalhar

Com tamanha diversidade nesse olhar

Levanto em direção à estante

Saco da mesma o Di Cavalcanti

Mergulho submerso em "Casario e Barcos"

A irreverência e suas estáticas são também seus marcos

Fecharia o livro se trabalhar fosse

Mas de longe um amigo assopra sua flauta-doce

Em seguida outro livro do querido Ferréz

Outro amigo lança ao ouvido um composto de Jazz

O vizinho à espreita põe o carro em sua reserva

O Cazu nosso cãozinho, apenas observa

O toque do piano não me deixa concentrar

Não trabalho dessa forma, só consigo criar

Até o momento de ter que ir embora

Abaixo da chuva que começa agora

Escorrego até minha casa com chão ensaboado

Deslizo afora, pelo ladrilho molhado.