TRANSAMARGURAS!
É verão, a poeira vermelha sucumbe à desilusão
De tantos homens sem-terra, do Anapu ao Trairão
Da terra devoluta e virgem que jamais será seu chão
Da terra bruta e cobiçada que nunca lhes dará o pão
Esta terra é de grileiro, nunca foi terra de irmãos
Esta terra é do latifúndio, jamais produzirá feijão,
Nem mel de abelha, nem legumes, nem mamão
Cercada de arame farpado, não permite a comunhão.
Aqui, tudo vira pastagem no regime do motosserra
Tudo aqui é do patrão e o que não é capim, medra!
É terra que nada produz, mesmo assim ainda é terra
Da qual ninguém abre mão a não ser sepultado nela.
Aqui, é o boi muito mais importante que um peão
Aqui, o esplendor da riqueza ofusca a fome do irmão
Escusas negociatas expulsam o homem do seu chão
Aqui, a lei do revólver mata os que produzem o pão...