TRANSAMARGURAS!

É verão, a poeira vermelha sucumbe à desilusão

De tantos homens sem-terra, do Anapu ao Trairão

Da terra devoluta e virgem que jamais será seu chão

Da terra bruta e cobiçada que nunca lhes dará o pão

Esta terra é de grileiro, nunca foi terra de irmãos

Esta terra é do latifúndio, jamais produzirá feijão,

Nem mel de abelha, nem legumes, nem mamão

Cercada de arame farpado, não permite a comunhão.

Aqui, tudo vira pastagem no regime do motosserra

Tudo aqui é do patrão e o que não é capim, medra!

É terra que nada produz, mesmo assim ainda é terra

Da qual ninguém abre mão a não ser sepultado nela.

Aqui, é o boi muito mais importante que um peão

Aqui, o esplendor da riqueza ofusca a fome do irmão

Escusas negociatas expulsam o homem do seu chão

Aqui, a lei do revólver mata os que produzem o pão...

ELMANO ARAUJO
Enviado por ELMANO ARAUJO em 08/11/2016
Código do texto: T5817162
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